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sábado, 7 de dezembro de 2013

Mundo Segundo- Era uma vez



Era uma vez um grupo de amigos
alguns dos quais já nem se encontram vivos
desconhecidos, do mundo em geral
em mim desempenharam o papel principal

 Era uma vez um grupo de amigos
dos quais alguns já nem se encontram vivos
éramos miúdos sonhadores
insurrectos, mas com valores
alguns formaram-se doutores, advogados e professores

 Uns quantos jogadores e alguns independentes
agarrados a esta vida com unhas e dentes
amanhã o sol infelizmente não nasce pra toda a gente
diz-me a morte sem face com a sua foice imponente
tu eras só um adolescente quando nos deixaste
perguntei-me vezes sem conta porque razão saltaste

 Seria a depressão das drogas ou o drama da família ?
o Rui maluco antes do suicido tinha o vício de ler a Bíblia
grande Carlitos, o crânio ninguém preenche o seu vazio
no dia que fez 18 apareceu morto a boiar no rio
o Vitela da viela levou os pais á ruína
a primeira droga que experimentou, aos 14 foi a heroína

 Era uma vez um grupo de amigos
alguns dos quais já nem se encontram vivos
desconhecidos, do mundo em geral
em mim desempenharam o papel principal

 Mano Ibrahim, o teu sorriso ficará pra sempre
a boa disposição contagiava toda a gente
noites belas, aquelas em que soprávamos velas
ás vezes fecho os olhos consigo imaginar-me nelas

 Vivo no mundo daqueles que partilham a experiência
da dor vivida no interior de uma sala de urgência
mesmo assim nunca desisti ou baixei os braços
chorei ri, frente a frente a derrotas e fracassos
esvaziei uns quantos maços pra matar a ansiedade
mas o fumo ainda era pior porque me matava de verdade

 Manos que cumprem pena visualizem-se nesta rima
quando saírem moral, cabeça pra cima
mundo de oportunidades, cá fora á vossa espera
mas nem tudo são rosas e a realidade sabe ser severa
pra todos os que estão perdidos sem rumo ou direcção
pensem naquilo que foram, comparem com o que são

Era uma vez um grupo de amigos
alguns dos quais já nem se encontram vivos
desconhecidos, do mundo em geral
em mim desempenharam o papel principal (x2)

 Ainda ontem éramos uns putos e jogávamos á bola
fumávamos ás escondidas nas traseiras da escola
viajávamos á borla, quantas fugas ao pica
corríamos a pé todas as ruas da cidade invicta

 Uns cestos nas Camélias, skate em Matosas
carrinhos de rolamentos, velocidades furiosas
nada de drogas, só pura adrenalina
por vezes um pouco de álcool misturando com nicotina
o tempo foi passando e já não nos vemos tanto
eu recordo os mesmos tanto cada um pra seu canto
tanto tempo após posto o estandarte da geração

 Em memória de todos aqueles que já partiram
nada se perde manos, e tudo se transforma
e a batalha é infinita para quem não se conforma
desejo-te uma vida longa, saúde e sucesso
tu sê feliz mano, é tudo o que eu te peço

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