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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Valete - Anti Herói



Só se pode fazer isto uma vez


Eu cresci trancado num quarto com livros de Marx e pepetela
alimentado com parágrafos de Nélson Mandela.
foi esta a fonte do ódio que agora já não escondo
este é o som que eu inalei voz de Zeca Afonso

 Ninguém me separa deste Guevara que eu tenho em mim
e podes ver na minha cara a raiva de Lenine
eu choro este sangue que devora o espírito
e choca os mais sensíveis, e torna-me num monstro como Estaline

 Valete a.k.a Ciclone Underground, nigga
o filho do bastardo da vossa opressão, nigga
eu tenho nos meus olhos a cor da insurreição, nigga
sou como Malcom-x com o microfone na mão

 Eu desenterro vítimas de genocídio capitalista
e levo mais comigo pa rebelião
eu sou primeiro a marchar pa esta revolução
tu és o primeiro a bazar na hora da intervenção

 Eu vim para ressuscitar Lumumba, Ghandi e Arafat
e os nossos homens de combate através desta canção
pai, eu tatuei no meu peito a tua imagem
pa respirar através dela a tua batalha e a tua coragem

 Hoje eu trago meus braços a tua alma e a tua mensagem
e esses escumalhas não sabem que jamais irão levar vantagem
nós vestimos a farda de Xanana
e levamos drama de terceiro mundo á casa branca

 Desfilamos com a mesma gana que tropas em Havana
e com a resistência suburbana dessa convicção cubana
toma, esta ira psicopata deste filho de Zapata
activismos de vanguarda é o registo do som

 Eu trago a obstinação com que Luther King abalou
e a mesma solução todo o meu people sonhou
eu sou aquele mundo novo que Bob Marley cantou
esboço desse sofrimento todo meu povo guardou

 Eu sigo este caminho que o ódio abriu para mim
e serei um dos guerreiros que aplaudirão no fim
este é o som da revolução que em breve chegará
eu sou anti-herói, que nunca se renderá
eu sou um dos filhos deste mundo que a luta inspirou
no mesmo trilho da mensagem que Cabral deixou
esta é a voz da justiça que um dia se afirmará
eu sou anti-herói que o povo aclamará

Enquanto eu me enveneno com este rancor
vou pondo balas no carregador pa abater esses opressores
esta é a missão dos peronistas, que eu assumi na hora
com determinação que herdei da minha progenitora

 Ninguém pára a frente armada que eu comando agora
combate a escória na alvorada como fez Samora
eu trago nesta oratória a história dos filhos que viram a morte inglória dos pais
e que hoje anseiam desforra

 Na Palestina, no Combodja, Vietname, Angola
no Iraque, na Somália, Afeganistão e Bósnia
esse é o grito desse mundo que chora e implora
pela justiça dos homens porque já viram que Deus não acorda

 Vítimas de quem fez de todo o mundo seu património
da hipocrisia assassina do Fmi e da Onu
é o povo anónimo cobaia do liberalismo económico
que sai das amarras eufórico para combater o demónio

 Eu sou aquele que vocês chamaram de fundamentalista
quando eu disse que era um trotskista belicista
posicionei-me assim contra a América imperialista
aqui está o vosso kamikaze terrorista

 Farto de vos ver sentados, manipulados
por uma televisão que vos deixa impávidos e formatados
asnáticos inconformados, fechados e enganados
otários e atrasados, inválidos e atordoados

 Nós estamos do lado contrário nesta jornada cheia de gente angustiada
traumatizada por um passado onde foram pisadas, martirizadas
apedrejadas, excluídas, extorquidas, extropiadas, cuspidas

 Por uma brigada desalmada de parasitas
que desvastaram arrasaram vidas
e agora vão pagar com a descarga
desta entifada pelos homens que vocês flagelara
e sobraram com guerra para vingar aqueles que não ficaram

 Eu sigo este caminho que o ódio abriu para mim
e serei um dos guerreiros que aplaudirão no fim
este é o som da revolução que em breve chegará
eu sou anti-herói, que nunca se renderá
eu sou um dos filhos deste mundo que a luta inspirou
no mesmo trilho da mensagem que Cabral deixou
esta é a voz da justiça que um dia se afirmará
eu sou anti-herói que o povo aclamará

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